A extraordinária sensibilidade dos animais

Nos últimos dias tem-se falado bastante da Chiclete, a cadela do Nuno Markl, que se manteve insistentemente ao lado dele nos momentos que antecederam o AVC.

Para muitos, foi apenas coincidência, mas para quem vive com animais, não é nada difícil acreditar que ela estava a sentir algo. E essa história levantou novamente uma questão que me fascina: será que os animais conseguem pressentir quando algo não está bem connosco?

Quem partilha a vida com um animal sabe que eles têm uma sensibilidade especial. Há algo na forma como nos observam, como se aproximam e como mudam de comportamento que, muitas vezes, diz mais do que palavras.

Os cães, em particular, têm um olfato extraordinário, capaz de detectar pequenas alterações químicas no corpo humano, alterações que nós mesmo estando atentos, não conseguimos notar.

Há estudos que mostram que conseguem identificar mudanças no cheiro associadas ao stress, à ansiedade, a hipoglicemias, a convulsões e até a algumas doenças. Para eles, estas alterações são claras como água.

Mas a ciência não explica tudo. Há uma parte desta sensibilidade que vive na relação que criamos com eles. Eles conhecem-nos como ninguém: o nosso ritmo, a nossa energia, os nossos gestos, o nosso silêncio e sentem quando algo nos incomoda, mesmo antes de nós próprios reconhecermos.

A postura da Chiclete ao não se afastar do Nuno Markl é um exemplo disso. Quantas vezes já vimos o nosso próprio animal fazer o mesmo? Aproximar-se mais do que o habitual, ficar a vigiar, seguir-nos pela casa, deitar-se em cima do peito ou das pernas como se estivesse a tentar proteger-nos. Há quem chame a isto intuição, há quem chame amor e talvez seja um pouco dos dois.

É impossível ignorar o impacto que esta sensibilidade tem na nossa vida. Os animais não curam doenças, mas são, muitas vezes, os primeiros a perceber que algo está errado. E esse “aviso silencioso” pode ser a diferença entre ignorarmos um sintoma ou prestarmos atenção.

A sua presença constante, o olhar atento, o toque suave com o focinho… tudo isso é uma forma de cuidado. Não precisam de palavras para nos dizer que nos querem bem.

No meu trabalho, todos os dias vejo como esta ligação marca as pessoas. Quando faço uma réplica em lã de um animal, não estou apenas a representar a sua aparência, estou a tentar captar esta ligação invisível, esta sensibilidade extraordinária. É isso que dá significado às peças e que faz com que muitas pessoas encontrem conforto nelas, especialmente quando o seu animal já não está presente.

A história da Chiclete relembra-nos que os nossos animais vivem conectados connosco de uma forma única, e talvez seja por isso que o amor por eles é tão forte, porque mesmo sem falarem, dizem tudo.

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