
Hoje cruzei-me com uma notícia que me tocou profundamente. Uma pessoa contou que chegou ao trabalho, partilhou que o seu cão tinha morrido e ouviu como resposta: “Arranjas outro”.
Esta frase, tão simples e tão dura, mostra uma realidade que ainda existe em 2025. O luto por um animal de estimação continua a ser desvalorizado e incompreendido por muita gente.
Para quem vive rodeado de animais, esta dor é totalmente reconhecível. Para quem nunca criou esta ligação, continua a ser um tema que passa ao lado.
Para muitos de nós, os animais não são apenas companhia. São família. Estão presentes nos momentos felizes e nos dias mais difíceis. Criamos rotinas, criamos memórias, criamos uma relação que vai muito além de palavras.
Sabemos que um cão, um gato, um coelho, um papagaio ou qualquer outro companheiro tem uma presença única. Tem personalidade, manias, hábitos que conhecemos de cor. Tem um lugar na nossa vida que não pode ser preenchido por outro ser vivo, por muito parecido que seja. Cada animal é insubstituível.
Quando um animal parte, é comum sentirmos que não temos “permissão” para sofrer. Muitas pessoas ouvem frases como “era só um animal” ou “arranjas outro”. E estas palavras, ditas muitas vezes sem intenção de magoar, invalidam uma dor que é real e profunda.
O luto por um animal é um luto silencioso. Há pessoas que choram escondidas, que evitam falar sobre o assunto para não serem julgadas, que passam dias a sentir o vazio na rotina e a falta daquele olhar que fazia parte de tudo.
O que mais dói não é apenas a perda, mas a sensação de que o nosso sofrimento não é legítimo para os outros.
Num momento de perda, ninguém precisa de soluções rápidas. Não se procura substituições, nem frases feitas. O que se procura é empatia. Uma palavra simples, um ouvido atento, a compreensão de que aquela dor faz sentido.
Muitas vezes, basta alguém dizer “Sinto muito. Sei que ele era importante para ti”.
No meu trabalho com réplicas em lã, recebo muitas histórias de pessoas que perderam os seus companheiros de quatro patas. Histórias cheias de ternura e saudade. Cada vez que faço uma peça de homenagem, sinto uma enorme responsabilidade. Não estou a criar um substituto. Estou a ajudar alguém a guardar um bocadinho daquela presença que marcou a sua vida.
Quando transformo uma fotografia num pequeno retrato em lã, estou a ajudar a contar uma história de amor. E acredito profundamente que todas as histórias de amor merecem ser lembradas.
Se perdeste um animal recentemente, quero que saibas que a tua dor é válida. O teu luto é real. E não precisas de o justificar a ninguém.
Cada relação é única. Cada despedida é diferente. E cada pessoa tem o direito de sentir a falta do seu animal como sentiria a falta de qualquer membro da família.
Não estás sozinho.

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